Era uma vez um rapaz cansado e faminto que entrou num restaurante querendo uma refeição. Pediu um prato simples com arroz, feijão, frango assado e batata frita. Sentou à mesa e pouco depois recebeu sua refeição, quentinha e cheirando muito bem. Como gostava muito de batata frita, pensou em começar logo provando algumas. E como cada pessoa tem sua preferência própria de como elas devem estar salgadas, as batatinhas vieram sem sal e já havia um saleiro sobre a mesa para o cliente usar como desejasse. O rapaz então pegou o saleiro e sacudiu sobre as batatas, colocou-o de volta na mesa e levou duas batatinhas à boca dando uma boa mordida. Logo percebeu que elas continuavam sem sal. Meio irritado, ele tornou a sacudir o saleiro sobre as batatas e, prestando atenção, viu que não saía nem um grãozinho de sal. Bateu no saleiro, sacudiu, passou um guardanapo sobre os buraquinhos, sacudiu bem... não teve jeito, não saía sal. Solução? Chamou um atendente e pediu um outro saleiro para substituir aquele.
Moral da história para pensarmos: tem muito crente que se sente satisfeito em ser como o saleiro entupido aí! "Eu não me misturo!"
"Vós sois o sal da terra; e se o sal for insípido, com que se há de salgar? Para nada mais presta senão para se lançar fora, e ser pisado pelos homens." Mateus 5.13
"Bom é o sal; mas, se o sal se tornar insípido, com que o temperareis? Tende sal em vós mesmos, e paz uns com os outros." Marcos 9.50
Jesus declara que somos sal. Então temos que salgar. Podemos dizer então que temos que dar gosto agradável, evitar que algo se deteriore... Agora, como que o sal pode fazer isso sem se misturar ao que deve ser salgado ou sem ter gosto???
Eu e você somos pecadores. Qualquer sentimento de superioridade em relação a quem quer que seja, não demonstra nada além de preconceito, soberba, arrogância e pecado. Quem dera tantos crentes entendessem isso! O cara vem lá da lama, miserável... Deus, tendo misericórdia e amor, transforma sua vida, dando-lhe inclusive forças para vencer os pecados que o faziam um prisioneiro. Então esse tal se depara com uma pessoa na rua na mesma situação que ele se encontrava antes. Qual a atitude dele? Vira a cara e passa de longe, por que ele "não se mistura". Depara-se com um recém convertido na Igreja atravessando as mesmas dificuldades que ele teve no início de sua fé. O que faz? Arma-se de paus e pedras para expor a todos que aquela pessoa está em pecado e que ele como "servo de Deus fiel" não pode aceitar a situação.
O que passa pela cabeça de uma criatura dessas?! Será amnésia??? Esqueceu de onde veio, dos problemas internos que enfrentou para chegar aonde está hoje? Só pode ser... e diga-se de passagem: que ingratidão a Deus por esquecer o que recebeu dele! Será que custa tanto ter uma palavra amiga, de apoio, não de condenação?
"A vossa palavra seja sempre agradável, temperada com sal, para que saibais como vos convém responder a cada um." Colossenses 4.6
Deus sabe que cada um está pronto para receber um tipo diferente de palavra. Alguém experiente, veterano, pode receber uma palavra mais forte (se for o caso) e isso até lhe fará bem. Daí a pisar sobre aquele que está no início de sua fé ou que está espiritualmente debilitado, são outros quinhentos. Afinal, onde está o amor?
Recordo o que aconteceu quando Jesus foi convidado à casa de um fariseu (do grupo que era considerado especial) e foi surpreendido por uma mulher pecadora que entrou na casa e começou a lavar-lhe os pés com lágrimas e perfume, e enxugar com os cabelos.
"Quando isto viu o fariseu que o tinha convidado, falava consigo, dizendo: Se este fora profeta, bem saberia quem e qual é a mulher que lhe tocou, pois é uma pecadora." Lucas 7.39
Interessante, não? O fariseu não se misturava. Ele era "santo", "especial". Só não esperava a palavra que Jesus lhe daria.
"E, voltando-se para a mulher, disse a Simão: Vês tu esta mulher? Entrei em tua casa, e não me deste água para os pés; mas esta regou-me os pés com lágrimas, e mos enxugou com os seus cabelos. Não me deste ósculo, mas esta, desde que entrou, não tem cessado de me beijar os pés. Não me ungiste a cabeça com óleo, mas esta ungiu-me os pés com ungüento." Lucas 7.44-46
Quem estava por cima agora?
Continuando, outro exemplo...
"Dois homens subiram ao templo, para orar; um, fariseu, e o outro, publicano. O fariseu, estando em pé, orava consigo desta maneira: Ó Deus, graças te dou porque não sou como os demais homens, roubadores, injustos e adúlteros; nem ainda como este publicano. Jejuo duas vezes na semana, e dou os dízimos de tudo quanto possuo. O publicano, porém, estando em pé, de longe, nem ainda queria levantar os olhos ao céu, mas batia no peito, dizendo: Ó Deus, tem misericórdia de mim, pecador! Digo-vos que este desceu justificado para sua casa, e não aquele; porque qualquer que a si mesmo se exalta será humilhado, e qualquer que a si mesmo se humilha será exaltado." Lucas 18.10-14
O que temos que entender de uma vez é que se queremos realmente ser alguém, temos que ter humildade. Está vendo alguém com problemas, com pecados, em erro? Então seja humilde, compreensivo, e estenda a mão para ajudar dando também uma palavra amiga. Lembra de onde você veio e que o caminho não foi fácil. Lembra de amar o teu próximo, não o trate como inferior a você. Seja cristão!
E aí, vamos tomar vergonha na cara?
segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008
As crônicas de um saleiro entupido
Por Cristiano Almeida em 2/18/2008 06:20:00 PM
Assuntos: amor , Jesus , preconceito
4 Comments:
Oi
O Blog tá muito legal!
Bons posts!
Parabéns!
Abraço!
Se puder visite!!!
http://tiagoenes.blogspot.com/
Muito legal essa do saleiro.
Sejamos sal da terra, não apenas para estar "em cima da mesa", mas para salgar e fazer toda a diferença!
Cris, muito boa a sua reflexão. Por trás de tudo isso me vem uma palavra que explica esses fatos perfeitamente: hipocrisia. O ser humano tem essa propensão à hipocrisia, se pensarmos mais no universo do Ocidente.
Mas que bom que a Palavra nos convida a repensarmos as nossas atitudes, não é?
Agora, só discordo de uma coisinha; quanto você diz "palavra amiga". Rapá, tem hora tem que ser dando uma dura mesmo, pra ver se neguim se toca. Hahaha! Abraço! Bom esse teu texto.
Ziggy, sobre a "palavra amiga" eu e você não discordamos. Veja bem, há hora de dar uma palavra mais light e hora de dar uma palavra mais dura, mas cabe a nós ter consciência de qual a melhor opção para cada caso. Há quem queira dar a palavra dura sempre e isso é mal. Se houver essa noção correta da coisa, mesmo que a palavra seja dura, ela continua a ser amiga. Amigo de verdade não passa mão em cabeça de quem está no erro.
Valeu pelo comentário.
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