quarta-feira, 2 de julho de 2008

Ódio

"Ouvistes que foi dito: Amarás o teu próximo, e odiarás o teu inimigo. Eu, porém, vos digo: Amai a vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam, e orai pelos que vos maltratam e vos perseguem; para que sejais filhos do vosso Pai que está nos céus; porque faz que o seu sol se levante sobre maus e bons, e a chuva desça sobre justos e injustos." Mateus 5.43-45


Com certa freqüência me deparo com um empasse: ter que escolher entre dar espaço aos sentimentos normais que vêm ao coração ou ficar do lado daquilo que Jesus ensinou. Como qualquer pessoa comum que se relaciona com outras, volta e meia nos fazem coisas que nos ofendem, magoam, revoltam e até causam raiva... Sentir esse tipo de coisa é natural. A Bíblia menciona que podemos sentir tais sentimentos e não rotula isso como pecado, mas deixa um alerta:


"Irai-vos, e não pequeis; não se ponha o sol sobre a vossa ira." Efésios 4.26


Ficar irado não é pecado, mas o mesmo texto fala a condição em que passa a ser. "Não se ponha o sol" faz menção ao pôr-do-sol, o entardecer, a passagem do dia para a noite. Numa linguagem poética, é dito que se temos ira durante o dia, não devemos deixar que ao anoitecer esse sentimento ainda esteja em nosso coração. Sentir ódio contra alguém que te fez mal é normal, mas segundo a Bíblia isso se transforma em pecado quando você guarda isso no seu coração.

Com a cabeça fria, não é difícil enxergar que, como uma regra, o maior prejudicado com esse tipo de sentimento é aquele que o sente e não quem o causou. Vamos parar e imaginar... Estou morrendo por dentro com um ódio latente e uma tristeza que, apesar de profunda, é comum não conseguir admitir. Enquanto isso, quem me prejudicou nem sabe do que sinto ou mesmo sabendo não dá a mínima pra isso. Não seria bem melhor estar livre desse sentimento que me corrói? Jesus deixa o difícil conselho de não guardar ódio mas, ao contrário, amar meu inimigo. Sou feliz no momento que percebo que por mais difícil que seja, isso me fará um bem muito maior que eu poderia imaginar.

Tive oportunidade de ler um livro chamado A Cruz e o Punhal, escrito por David Wilkerson, em que ele relata suas experiências com jovens americanos envolvidos com drogas e crimes. Lembro de um relato em que ele pregava àquele público no local em que eles viviam. Um rapaz chamado Nick o avistou de longe, se enfureceu contra ele, pois tinha raiva só de ver alguém falando sobre Deus ou religião, e se aproximou. Quando estavam frente a frente, Nick imediatamente deu um tapa no rosto de David. Tempos depois Nick estaria falando para um grande público sobre como foi difícil agüentar o fato de, após bater no rosto de David, ouvir ele dizer que ainda que Nick o fizesse em pedacinhos, cada um daqueles pedaços sentiria amor por sua vida, assim como Jesus sentia. Segundo as palavras de Nick, ele estava preparado para receber um golpe de volta e então partir com tudo para cima de David, mas ao ouvir aquilo ele ficou completamente perdido e sem saber o que fazer. O amor de David naquela e em outras ocasiões foi determinante para que Nick tivesse um encontro com Jesus e mudasse completamente de vida.

Em momento nenhum eu digo que é fácil agir como Jesus orientou. Contudo, a partir do momento que você entrega sua vida a ele e pede ajuda para se ver livre desse mal que é o ódio guardado no coração, a coisa começa a mudar de figura. Servir a Deus e obedecer palavras como "fazei bem aos que vos odeiam" parece loucura, mas tem um peso maravilhoso na vida de quem assim o faz. Não é fácil, nem impossível. Felizmente posso dizer por experiência própria que, apesar de minhas limitações, Vale a pena o esforço de pagar o mal com o bem. Sem dúvida, vale a pena.


"Não te deixes vencer do mal, mas vence o mal com o bem." Romanos 12.21

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